quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vale do Paraíba

Meu dia começou péssimo, passando muito mal na madrugada e durante o dia. Acho que o esforço excessivo começou a dar os primeiros sinais de consequência. Saí após as 11h00 e com um péssimo rendimento.


Logo nos primeiros quilômetros do trecho, tive uma agradável surpresa: a descida da Serra da Mantiqueira ainda não havia acabado! Vários quilômetros de fenomenal paisagem, somente sentindo o sabor do vento. Teve até direito a bica d'agua no início da descida! Cheguei ao pé da serra com um baita sorriso no rosto!

Segui rumo a Pindamonhangaba. Trechos bonitos e razoavelmente planos, suficientes para pedalar sem grandes esforços. A estrada tinha um bom número de paradas para um refresco ou para completar a água. Não havia do que reclamar.

Basílica em Aparecida
Passei por pequenas cidades, como Moreira Cesar, Roseira, Aparecida, até chegar a Guaratinguetá. Foi uma viagem de recuperação dos esforços da Serra da Mantiqueira. Enfim, cheguei ao meu destino em Guará. Aproveitei para tomar um belo banho e dar uma volta no Shopping da cidade. Precisava de um pouco de civilização.

Tive a oportunidade de conhecer na pousada um advogado com qual conversei por algumas horas. Falamos um pouco da situação da guarda do Francisco e do papel do pai como guardião aos olhos da justiça. De fato, concluí que o papel de pai é pagador de pensão e visitante eventual.

Soube de outras coisas interessantes, como que o primeiro santo brasileiro é de Guará também.

Pela manhã, continuei passando mal. Água de bica e comida de rua não caem muito bem. Não consegui tomar café da manhã e somente consegui sair depois das 12h.

Fiz um bom percurso. Passei por um pedaço da antiga Estrada Real, passando por Lorena, Canas e Cachoeira Paulista. Ousei seguir um pouco mais, passei pelo santuário de Santa Cabeça e fui para Silveiras.

Gado se reune curioso
Cidade pequena, mas muito rica e bonita. Encontrei uma pousada (estrada real) MUITO bonita e organizada, onde fui muito bem recebido. Pude ter um lugar confortável para descansar e logo mais prosseguirei viagem (assim que parar de passar mal).

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Serra da Mantiqueira

Depois de sofrer muito no dia anterior, pude acordar após um sono reparador. Minhas pernas estavam doendo mais do que imaginava, mal conseguindo caminhar. Minha bicicleta estava danificada e precisava localizar uma bicicletaria em Monte Verde, quase 10km do hotel.

Débora ao lado dos restos da bicicleta
Caminhar na subida empurrando uma bicicleta travada não é nada fácil. Durante mais de 2hs de trajeto tive que continuar subindo a uma velocidade de 4km/h (meu computador de bordo voltou a funcionar!). Quando faltavam 2km para chegar a cidade, recebi mais uma mostra de cordialidade. Um casal (Débora e Alexandre) parou o veículo no caminho e ajudou-me a transportar a bicicleta para a cidade. Ao chegarmos no portal, perguntamos onde ficava o tal lugar ou onde poderíamos comprar uma corrente. A resposta foi taxativa: "É impossível você conseguir isto por aqui. Somente em Camanducaia". A preocupação começou a bater.

O casal que estava me dando carona foi persistente e zelaram por percorrer toda a cidade e assegurar que de fato não haveria qualquer bicicletaria. Não é que encontramos? O local é administrado por um garoto de 10 anos! Infelizmente não tive a oportunidade de conhece-lo, pois ele estava pedalando. No entanto seu pai foi prestativo e tentou ajudar a arrumar do jeito que sabia. Como eu também sou leigo em bicicletas, nós dois ficamos desvendando como faríamos para arruma-la. Acabou dando certo.

Uma vez arrumada, precisava saber qual seria meu próximo destino. Estava preocupado com o horário para partir, pois já eram 15h00 quando a bicicleta ficou pronta. Fui procurar a trilha para São Francisco Xavier e descobri que a Melhoramentos, proprietária da área, colocou duas cercas e vigilância no trecho. Seria arriscado passar por lá, especialmente porque a trilha não era mais conservada.

Tito, do Trás os Montes
Ao perguntar para o pessoal da cidade, me indicaram que a melhor opção seria seguir para Sapucaí-Mirim no próximo dia pela manhã, sugestão ao qual acatei. O próximo passo era encontrar um local para ficar. Para isso fui me informar com um rapaz do restaurante Trás os Montes. Tive outra demonstração de atenção impressionante. Ele ficou quase meia hora no telefone para localizar uma opção de hospedaria barata e acabou conseguindo a gentileza da Vereadora Tânia Theodoro (Camanducaia) em me abrigar gratuitamente em sua belíssima pousada (Araucárias Pousada - http://www.araucariaspousada.com.br ) , com direito a um ótimo jantar.

Acordei no outro dia bem cedinho.... o frio dominava o lugar e a chuva não dava tréguas. Apesar de estar na cama e cheio de cobertas, não havia agasalho suficiente e tive que me virar com o que tinha depois que levantei. Coloquei todos os apetrechos, capa de chuva, luva, balaclava, manguito. O medo de confrontar com a lama, frio e chuva me fizeram hesitar em sair, mas a lembrança do Francisco me impulsionou a sair.

Tomei um belíssimo café da manhã e fui tratado com as regalias de um hospede da pousada. Não pude conhecer a Tânia, mas sou muito agradecido a ela pela gentileza que concedeu. O mesmo digo ao Fabiano. Deixei as chaves com ele e segui viagem.

Monte Verde é o "fim da linha" na montanha. A rota de São Francisco Xavier não existe mais, a de Camanducaia é divergente do meu destino, não me restou opção senão Sapucaí Mirim - MG (que acabei trocando de última hora para Santo Antônio do Pinhal). A trilha foi através de uma araucária no meio da rodovia de Camanducaia - Monte Verde, conhecido por todos os visitantes da região.

A chuva persistente não me deixou tirar fotos, além do frio que não me permitia paradas. Foi um caminho difícil em meio ao lamaçal, com as caramanholas cheias de barro, bem como meu corpo.

Segui por cerca de 2h30 a trilha, mas o lamaçal realmente atrapalhava o rendimento. Quando atingi cerca de 10% do trajeto, parei num grupo de pessoas reunidas em um pequeno puxadinho de madeira com uma placa "Bar". Era por volta de 11h30 quando peguei informações sobre a tragetória. A notícia fora desanimadora. Estava ainda há 50km/70km do meu destino e o ultimo sinal de civilização seria a fazenda Esperança alguns metros adiante, e depois somente deserto.

Me fizeram o convite para ficar no bar e comer, por conta da casa, porções de trutas preparadas por eles. Não aceitaram que eu pagasse nada, pois era um visitante. Fiquei espantado com a hospitalidade de pessoas tão simples. Foram carinhosos e solidários todo o momento. Depois de dividirmos 2kg de truta no fogão a lenha (a melhor que já comi na minha vida), resolveram trazer mais 2kg para comermos em 6 pessoas. Não deu nem pro cheiro.

"Mestre" apresentando a truta
Um das pessoas, chamado Cláudio, vulgo "Mestre", tem de acordo com suas próprias contas 73 anos. Disse ter tido também 34 e certa vez ele também teve 17. Apesar de tomarem mais cachaça do que eu de água, aceitei o convite para hospedar-me em sua casa. Seria a melhor alternativa pra mim.

O Cláudio, 34, trabalha na lavoura e mora com a mãe, irmão e sobrinha na mesma casa. No mesmo sítio moram o outro irmão e esposa e mais duas irmãs. Pessoas humildes e honestas, me deixaram a vontade para tirar a lama do meu corpo e repolsar algumas horas. Pude desfrutar mais tarde de um delicioso jantar típico da roça - arroz, feijão e sardinha - e prozear um pouco.

Durante a conversa a menina havia comentado que ela morria de vontade de usar um computador. Pra meu espanto, apesar do governo ter investido "não sei quanto" colocando computadores em todas as escolas rurais, a dela nunca havia visto tais máquinas. Disse que havia trazido comigo um computador (este o qual escrevo) e imediatamente quiseram que eu demonstrasse. Pareciam uma pessoa da cidade se aproximando de um bicho estranho. Iam devagar... tinham medo de colocar a mão, como se fossem levar uma mordida. Ficaram maravilhados ao ver o que era capaz de fazer. Foi uma experiência que mexeu comigo.

Apresentei o computador e o celular para a vizinhança e todos olhavam com espanto e admiração, todos tendo ciência da importância que representa conhece-lo e a avidez para tanto. Me comprometi que, após minha viagem, conseguirei doações de equipamentos e ficarei os dias necessários para treinar uma primeira turma de instrutores. É a minha pequena contribuição para a tal da "inclusão digital", que nunca havia realizado seu verdadeiro significado.



Dormi com objetivo de levantar-me antes do amanhecer e seguir viagem. Minha mente está cheia de pensamentos e emoções por desvendar tantas novas experiências em tão poucos dias. Conhecer gente honesta, gentil e prestativa como pude ter nestes dias me deixou realmente admirado. Pessoas que não pensam duas vezes para tirar o pão que carece ao próprio estômago e entrega-lo ao transeunte e ficar plenamente realizado com isso. Cada uma destas pessoas arrumaram lugar em minhas memórias para o resto da vida.


Lamaçal

No dia seguinte, mais frio e chuva para acompanhar. Fiz breves despedidas e segui viagem pela Serra da Mantiqueira. Vir a descobrir no caminho que se tratava de um trajeto para romeiros. O lugar era lindo, mas estava cheio de lama. Em certas subidas, mesmo descendo da bicicleta e empurando não eram suficientes para vencer o chão escorregadio.

Depois do apuro que havia passado na trilha de Joanópolis, estava um pouco mais experiente. Observava os sons por qualquer ruído d'agua e garantira que sede não passaria mais. Nenhuma bica ou acesso ao rio escapava. A maior parte de todo o percurso foi feito a pé e, portanto, demoraria bastante.


Após muitas horas de viagem, cheguei numa pequena parada. Foi o primeiro sinal de civilização que tive. Haviam pessoas na rua e um pequeno bar aberto, onde pude saborear 3 steaks de frango requentados e um guaraná. Aproveitei também para arrumar o pneu furado da minha bicicleta. Não o havia arrumado antes porque não fazia diferença na lama. Lavei toda a bike e lubrifiquei. Saí do lugar com a bicicleta quase ok, exceto pelos problemas de freio que vem apresentando.

A trilha passa pelo alto da serra
Após esta parada, começou a mais bela parte do circuito até agora: a descida das montanhas. Eram cerca de 7km de decida de uma beleza fantástica. Meu celular é incapaz de registrar a maravilha do lugar, é necessário estar lá.

Do alto das montanhas pude ter uma visão fantástica e, por ser descida, pude contemplar calmamente toda a paisagem.

Quando atingi o fim da serra, alguns kilômetros a frente começava a rodovia que conduzia até Santo Antônio do Pinhal. Segui por ela até alcançar a cidade. Consegui uma pousada barata (usada pelos romeiros) e estou passando a noite aqui. Pretendo amanhã levar cedo a bicicleta para revisão e prosseguir até Guaratinguetá.

sábado, 25 de setembro de 2010

Campinas a Monte Verde

Saindo da casa dos meus pais
No momento que escrevo este texto, estou em Monte Verde - MG, após apenas dois dias de jornada. Erros de planejamento me fizeram adiantar o percurso, pra tristeza da minha musculatura.

Passei a manhã do dia 23 arrumando a bicicleta junto com meu pai. Muita coisa nela não esta bem e ajeitamos o que foi possível. Fizemos um pequeno check-list dos itens, bem como montamos barraca, desenrolamos saco de dormir e tudo mais que havia de material. Enfim, abraços e beijos nos meus pais, e começo a dar as primeiras pedaladas. Pra ser sincero, comecei a jornada caminhando, pois era uma baita de uma subida!


Fazenda Bonfim em Joaquim Egídio

Parecia um ciclista de verdade! Fiz Sousas e Joaquim Egídio num piscar de olhos. Passei por várias fazendas, uma mais bonita que a outra. Fui pra Morungaba sem fadigar e ainda tive tempo de subir um baita subidão para fotografar uma imagem religiosa famosa na cidade. Este trecho foi bem tranquilo.



Meu primeiro objetivo foi procurar o Sandro da bicicletaria Ciclo Aventura. Eles são famosos por organizarem campeonatos na região de Morungaba. Aproveitei que era 12h00 e fui almoçar. Relaxei, tomei água de coco e dei uma volta enquanto esperava pela minha bike. As 14h00+- eu a peguei de volta. Ela estava irreconhecível! Muito melhor do que antes! De lá, Segui rumo a Bragança Paulista.



O sol estava impetuoso e me maltratou bastante ao longo de toda a tarde. Passei por vários vilarejos rurais e pude ver casas muito simples ao longo do percurso. Cheguei em Bragança já com o sol mais ameno, típico de um fim de tarde. A primeira coisa que fiz foi me informar de um camping a caminho de Joanópolis. Todos foram prestativos e me informaram sempre "é logo ali". Porém, por mais que pedalasse e seguisse adiante na rodovia, a frase era sempre a mesma: "é logo ali". Minhas pernas já haviam fadigado e a noite tomou conta do lugar. Pra complicar, a rodovia não tinha acostamento e os poucos veículos que passavam por lá faziam a toda velocidade. A preocupação começou a bater.


Alguns amigos tentaram localizar pelo Google Earth para saber se havia um camping ou hospedaria na região, mas sem sucesso. Acabei encontrando pelo caminho um carro quebrado, onde o motorista pediu socorro para um amigo de Bragança. Esperei por ele mais uma hora, mas não deu as caras. O jeito foi prosseguir.

Após muito tempo caminhando na rodovia, tropeçando em buracos no meio do mato e passando muita preocupação, localizei o Camping por volta das 21h00. No entanto, ao chegar lá, a informação: Não funcionam como Camping público há mais de 15 anos!!! Felizmente o proprietário do lugar, Sr. Efrain, foi gentil e permitiu que montasse uma barraca dentro da propriedade dele. Ele salvou minha pele!

Passei mais ou menos 1h aprendendo a montar a barraca, especialmente no escuro, e acabei conseguindo. Foi quando deixei a pequena mensagem no blog, pois quase não tinha sinal de celular e muito menos bateria no netbook e no telefone. Depois disso, peguei tudo que tinha comigo, barras de cereal e gel, para comer. Também havia comprado um pacote de bolacha. Estava morrendo de fome (desesperadamente com fome) e não iria abusar da gentileza do pessoal de lá. Apesar de terem me permitido ficar, senti que estava sendo um invasor aos olhos do pessoal de lá.

Tentei dormir. pois dizem que o sono faz passar a fome. Acabei cochilando alguns minutos, até que alguém começou a fazer barulho do lado de fora, perguntando quem eu era e o que fazia lá. Abri a barraca e vi duas pessoas - uma senhora e um jovem - olhando preocupados para mim. Contei minha história e a permissão do Sr. Efrain. Pois então ela me convidou a dormir na casa dela! Tive uma noite de rei! Tomei banho quente e ela me preparou um jantar delicioso. Também lavou minha roupa. Era uma pessoa muito simples, mas que me deu toda atenção e confiança. Dormi em três colchões que ela empilhou para que eu ficasse mais confortável. A dona Maria foi fantástica em toda atenção que me deu. Sou realmente grato a ela.

Pela manhã ela me preparou deliciosos bolinhos de chuva. Comi até cansar! Depois, em gratidão, peguei uma boa parte do dinheiro que estava levando e quis entregar a ela, mas ela não quis de maneira alguma. Tudo o que ela fez por mim foi por puro carinho e amor ao próximo, coisas que pensei que faltassem neste mundo.

Me despedi da Dona Maria e do Sr. Efrain e segui viagem. Nem dois quilômetros depois, já na Fernão Dias, havia um motel! Enfim, não trocaria por nada a recepção da Dona Maria.

Minhas pernas doiam muito por conta do esforço exagerado do dia anterior, já que não esperava adentrar a noite. Rendi razoavelmente na Fernão Dias até chegar no município de Vargem, na divísa com Minas Gerais. Entrei a direita rumo a Joanópolis, ainda na divisa São Paulo. Não imaginava a beleza desta estrada! Que lugar lindo! Visões maravilhosas da água do alto das montanhas! Subídas muito íngrimes e cansativas, mas que valiam cada gota de suor. Fiquei maravilhado com a região. Cheguei em Joanópolis quase as 14h00, ainda sem almoço e procurando um restaurante. Me informei no portal da cidade e prossegui rumo ao centro.

Fui bem orientado em como seguir para Monte Verde. Não achei o tal restaurante, mas havia placas indicando outro alguns quilômetros a frente. Fiz a opção de comer por lá. No entanto, mais surpresas. Quando cheguei no local do restaurante, uma grande placa indicava: "Aberto nos sábados, domingos e feriados". Estava com fome e pouquíssima água, e achei que não valia a pena voltar, mas arriscar outra opção ao longo da estrada. Percorri quase 10km até encontrar um pequeno lugar, chamado "Casa do Lobisomem", na beira da pista. Parei imediatamente, onde comi uma deliciosa porção de linguiça. Fiquei quase 1h por lá, repondo a água e as energias. Conversei com o proprietário e seu filho, pessoas muito boas. Peguei algumas dicas do caminho para Monte Verde, bem como as orientações quanto a dificuldade da estrada. Sabia que pegaria um pequeno pedaço da noite, mas já estaria próximo a cidade.

Descobri que sou péssimo para planejamentos. Começou uma forte chuva no caminho e numa estrada de terra. Logo se formou lamaçais enormes, onde simplesmente não era possível subir. Por mais força que fizesse, a bicicleta e meus pés escorregavam, levando meia hora e muito esforço para cumprir pequenas subidas. A corrente da minha bicicleta se partiu e caiu em meio ao lamaçal. Não pude encontra-la, pois já estava ficando muito escuro. O frio e a noite tomou conta do lugar, e o farol quase não tinha utilidade, pois a neblina estava muito densa. Nunca passei tando pavor na minha vida. Um lugar completamente deserto, com sons estranhos a volta, as vezes vultos cruzando atrás de mim. Lembrei a todo momento aquele filme: "A bruxa de Blair". Minha água havia acabado e eu tentava coletar quaquer coisa que pudesse da chuva, mas muito pouco juntava nas minhas caramanholas. Não conseguia ficar parado por conta do pavor e do frio, mas também não conseguia continuar por falta de forças. Não haviam casas ocupadas nem muito menos qualquer veículo. A cada dez minutos no máximo tonava um grande susto por conta de algum animal que saia correndo. Não avistava luzes ou sinal de civilização.

Certo momento perdi as forças para caminhar. A fome era desesperadora e comecei a comer afoitamente uns chocolates que havia comprado na parada anterior. Mal conseguia dar um passo e não avistava qualquer fim. Estava a um passo de desmaiar, ou por sede, ou por frio ou por fome ou por exaustão. Esta tortura durou quatro horas e meia, quando finalmente um veículo apareceu. Sinalizei por socorro e, pra minha surpresa, pararam pra ajudar. Me deram a informação que havia uma pousada a pouco mais de um quilômetro. Alguns passos adiante a estrada de terra encerrava e se encontrava com a rodovia asfaltada de Camanducaia para Monte Verde. Apesar da exaustão ser muito intensa, a felicidade de ter chegada na civilização foi repositora. Consegui, no terceiro hotel, encontrar um lugar pra ficar. Pedi por comida. Eles não serviam a esta hora, mas seu Carlos, que estava recebendo os hóspedes, fez a gentileza de preparar um misto quente com ovo e me levar um refrigerante gelado. Foi uma felicidade completa. Comi desesperadamente e bebi ao mesmo tempo. Engasgei mas não conseguia parar de colocar o lanche goela a baixo. Precisava muito de comida.

Ele me acendeu a lareira e foi embora. Tomei um banho muito quente para tirar o monte de lama que impregnava meu corpo e me enrolei nas cobertas. Apaguei por completo até o outro dia.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Em algum lugar

Estou em algum lugar entre a divisa de São Paulo e Minas. Tudo deu errado e estou de favor na propriedade do Sr. Efrain, dentro de uma barraca e sem tomada.Não terei condição de dar os detalhes no momento, pois merece ser contado em detalhes. Amanhã eu tentarei fazer uma boa descrição.

Toda grande jornada começa no primeiro passo

Dentro de algumas horas começa a jornada. O arrepio corre minha espinha e a ansiedade faz meu coração acelerar. Tudo está pronto e com as devidas verificações. Quase nada ficou de fora, e as poucas coisas que esquecemos foram devidamente substituídas. Não consegui hospedagem ainda para o primeiro dia e muito menos tenho idéia de qual será meu rendimento. Meu objetivo é atingir Bragança Paulista, Piracaia ou, se tudo ajudar, Joanópolis. São trechos com distâncias entre 60km e 120km, o qual irei descobrir minha capacidade.

Os alforges estão até o limite e acabo de me dar conta que a bicicleta será minha casa nestes próximos dois meses de trajeto. Pretendo adiantar o que puder, pois minha audiência será no dia 17 de Novembro e devo chegar pelo menos com um dia de antecedência. Durante o trajeto preciso alugar um apartamento em Recife, pois terei que provar que tenho uma residência fixa lá. Pretendo que, durante os anos de litígio, possa manter a guarda compartilhada do meu filho. Assim poderei provar a má-fé das acusações e ainda tentar recuperar o tempo que me foi tirado com ele. Claro que isso é apenas o desejo, pois sei muito bem que a realidade do nosso judiciário é outra. Provavelmente passarei o inferno nos próximos anos, sem contato com meu filho e tendo que lutar por visitas ocasionais e supervisionadas. Enfim, não custa sonhar.

Filho, um dia você terá idade para entender que este desconhecido te ama perdidamente e que lutou com todas as forças para te-lo ao lado. Estejamos ou não juntos, você sempre terá um pai.

Em cinco horas estarei na estrada.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mudança de planos

Acabei de saber que a data da minha próxima audiência será no dia 17/11 e, portanto, terei que adiantar meus planos de partida.

Sairei de Campinas no dia 23 de Setembro para que eu tenha tempo de chegar no fórum de Recife.

Obrigado pelo apoio de todos. Agora, só falta montar na bicicleta e pegar a estrada.

Vamos a luta!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Guarda exclusiva

Faltando apenas 11 dias para a viagem e com todos os preparativos feitos, fico um pouco mais tranquilo para tratar de outras coisas que não os treinos. Como hoje tive esta conversa com um grande amigo, achei que seria importante partilha-la.

Nunca entendi estas coisas de direito. Uma das coisas que sempre achei confuso foi o pedido de guarda exclusiva. Por que este nome? O nome correto não seria "pedido de RETIRADA de guarda"? Digo isso, pois quando nasce uma criança, sua guarda é incumbida a ambos genitores. Todo o objetivo do processo de guarda costuma tratar da retirada do direito de guarda do pai.

Sempre sob o manto do "melhor interesse da criança", este tipo de absurdo acontece corriqueiramente no judiciário. Afinal, qual o interesse da criança em ter o próprio pai afastado? Outro dito comum é que "o direito de visitação do pai é assegurado", geralmente podendo ver o filho uma média de 4 vezes por mês. Desde quando o pai é "visita" do filho? Estes questionamentos ensejaram a lei da guarda compartilhada, que se trata de uma lei que diz o óbvio, que pai e mãe tem direito a guarda. Como de costume no Brasil, esta lei serve apenas de efeite, pois os juízes apenas a aplicam quando há concordância entre o casal, o que obviamente não haverá num caso de litigância.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Apenas mais 15 dias

Está batendo a ansiedade de sair. Nunca pude ter momentos verdadeiros ao lado dele e a sensação é que poderei ter pela primeira vez a experiência de ser pai. Infelizmente preciso aguardar a data da saída, pois existem vários planejamentos que dependem desta data, mas minha vontade era subir na bicicleta neste exato momento e começar a pedalar rumo a Recife.

Comecei a me despedir de alguns grandes amigos, pois sei que ficarei muitos meses em Recife até ter condições de visitar o pessoal daqui. Não tenho dinheiro para idas e vindas. Também tenho consciência do inferno que será minha vida quando chegar em meu destino, pois a solidão será minha única companheira por lá.

Não há novidades nos treinos. Estou pedalando razoavelmente bem pelos poucos dias de preparo e não há dúvidas que estou apto a cumprir o trajeto. Tudo o que quero agora é ir embora em busca do Francisco.



terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rota São Paulo - Minas Gerais

Com a data da partida se aproximando, agora os próximos planos são em relação as estadas em cada local. Meu planejamento para início de viagem será:

Partida de Campinas dia 01/10 as 05h00 chegando em Sousas as 06h30 após 15km. Sequência as 13h00 por Joaquim Egídio em 7km. Rumo para Morungaba em 18km. Descanso na casa de um amigo. Total do primeiro dia: 40km

No dia 02/10, partindo as 06h00 rumo a Bragança Paulista. Rota de 30km com chegada por volta das 08h45. Almoço na cidade. Prosseguimento as 15h00 rumo a Piracaia. Trecho de 20km com chegada programada as 16h45. Pernoite. Total do segundo dia: 50km

Dia 03/10, partindo as 09h30 rumo a Joanópolis. Chegada programada as 11h30 após 15km. Almoço e descanso. Rumo a Monte Verde a partir das 13h30. Chegada esperada as 16h15, após 30km. Total do terceiro dia: 45km

Acho um bom pontapé inicial, chegando em 3 dias em Minas Gerais e controlado a fadiga muscular. Como dará apenas cerca de 1 mês de treinamento, certamente meu corpo não conseguirá exigir mais de si. Já tomei as providências em relação a água, levando 3 litros, suficientes para pelo menos 4 horas de trajeto ininterruptos.

Enfim, se alguém tiver um espaço disponível para que eu monte a barraca em Monte Verde, seria muito bom. Caso contrário vou pesquisar uma alternativa. Nas outras localidades tenho pontos de apoio que me cederão espaço.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um dia mais próximo

Ocaso em Campinas
A cada dia a viagem deixa de ser um plano distante e torna-se algo tangível. Os desafios do cansaço e da distância parecem mais transponíveis e a data de saída, em cerca de 15 dias, parece em vias de chegar.

Os dias sorriem para mim. O céu forma pinturas nos rumos que traço. Parece que a hora de ter meu filho está chegando.

domingo, 12 de setembro de 2010

Céu azul

Apesar do escaldante sol do meio-dia, a maravilhosa visão que tive foi a deste céu.

Inspirador, mas realmente cruel, pude ficar ligeiramente queimado após a pedalada de hoje. A desidratação é sempre mais rápida no calor, além do esforço ser maior. No entanto me sinto um pouco mais disposto com o treinamento. Conforme venho ganhando condicionamento e experiência, os treinos vem me trazendo mais confiança e satisfação. Me sinto realmente pronto para começar a viagem, mesmo faltando um pouco mais de 15 dias para a partida.

Ao mesmo tempo que ganho confiança, a realidade me chama a atenção para detalhes básicos que ainda não aprendi. A primeira, mais óbvia, é nunca levar barras de cereal com chocolate em um sol escaldante. As consequências podem ser previsíveis! A outra é sempre verificar seu sistema de freios, pois ele pode estar acionado durante as primeiras duas horas de treinamento e você pode não fazer ideia do porque esta se cansando tanto. Esta última tenho certeza que não cometerei mais!

Shopping Iguatemi
A pedalada foi a mais longa até agora: 3hs de duração. Neste tempo já consigo cumprir vários percursos da programação de viagem. O que preciso assegurar é que continuarei cumprido nos dias seguintes sem ser vítima da fadiga. Outra é que preciso desenvolver uma margem de segurança na distância. Pretendo começar logo a fazer trechos de 100km para ter certeza que consigo vencer esta distância. Provavelmente reservarei esta proeza para a próxima semana.

Outro aprendizado e providência foi a bandana. O suor pelo meu rosto atrapalhava muito. Também tive aulas de asseio durante a jornada ministradas pela minha mãe! Ela, completamente apavorada com a jornada, sabe o quanto é necessário para conseguirmos atenção para a violência com o neto dela.

Sol escaldante na estrada para Sousas
Aprendi inúmeras dicas de como lavar e secar as roupas no caminho, sobre como tirar o óleo e a graxa dos tecidos. Elaboramos uma lista de roupas para levar, inclusive para as ocasiões que serei recebido como hóspede, onde seria muito desagradável chegar somente com as roupas de ciclismo. Tudo isso tendo em vista o sacrifício que representa cada peso adicional na bagagem. Enfim, adicionarei mais esta carga em breve e anotarei o peso total da bicicleta, pois será a última revisão de equipamentos.

Retorno pela estrada de Sousas
Estou muito satisfeito que os treinamentos tenham surtido efeito e que esteja nos últimos momentos pra viagem. Achei que não daria tempo de me preparar, mas me surpreendi como que poucos dias de treinamento podem fazer tanta diferença. Minha barriga enooorme caiu pela metade, meu tônus intensificou muito e minha disposição está excelente. Obviamente passo vergonha ao lado de um ciclista profissional, e ainda preciso empurrar em muitas subidas. No entanto o meu objetivo, de chegar perto do meu filho, certamente será atingido.

Mesmo portão, no final do dia
Claro que muitos desafios ainda virão. Na verdade, não estão nem no começo. Apenas estou realizado em saber que a primeira meta que me impus está em vias de conclusão. A partir de agora minha concentração não será mais nos treinos, mas na viagem em si. Preciso encontrar quem possa fornecer hospedagem, bem como listar todos os campings, pousadas e corpo-de-bombeiros, que dizem que são muito gentis aos ciclistas.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Faltam 3 semanas

A data da partida se aproxima. Quase todos os preparativos estão feitos. Faltam comprar roupas adicionais, revisar a bicicleta, confeccionar a bandeira e seu suporte, obter a câmera e um carregador solar. Tá chegando o momento de atentar aos detalhes da viagem, pousadas, hotéis e campings que serão usados no percurso.

Os dois primeiros pontos de parada - Sousas e Morungaba - não são nada mais que aquecimento. São rotas próximas e conhecidas. Aliás, exatamente por este motivo, estou pensando em pular Morungaba e seguir diretamente para Piracaia. Afinal, ganharei um dia de viagem por conta de apenas 20km.

Enfim, esta é a reta final. Cada pedacinho do roteiro deverá ser revisto para que não encontre surpresas lá na frente

Nesta madrugada não houve treino, pois o reservei para faze-lo logo pela manhã.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Congelado!!!

Não sei precisar a temperatura que estava nesta madrugada, mas era realmente frio! Sentia o ar nos meus pulmões como se fosse uma miríade de agulhas perfurando cada ponto que passavam. Meu rosto ardia, mais ainda minha boca.



Largo do Rosário

Infelizmente ainda não organizei aparatos para o frio, mas providenciarei em breve, após ter aprendido da pior maneira. Por sorte, me veio a ideia de usar a capa de chuva como proteção para o frio. De fato, foi o que me salvou desta madrugada.

Os ventos também estavam muito fortes e percebi o quanto uma ventania pode atrapalhar a pedalada. Mais um aprendizado.

A despeito disso tudo, hoje foi o dia que mais estiquei nos treinos, perfazendo duas horas e 15 minutos em torno de Campinas. Meu percurso começou pelo centro da cidade, passando pelos locais mais famosos.


Fui até o centro de convivência, onde não pude encontrar nada que pudesse ser fotografado com meu celular (ele é muito ruim a noite). Em seguida dei um pulinho no Taquaral, Mansões Santo Antônio e Unicamp, onde arrisquei fazer uma panorâmica com meu telefone.



Enfim, agora resta saber se terei fadiga amanhã. Tentei conduzir o percurso em um ritmo mais suave justamente para que não haja este problema. Quero ir estendendo o tempo até alcançar 4hs, que será quando estarei apto a viajar. Isso deverá acontecer ao longo dos próximos dias.

Seguindo com minha inspiração de testes, fiz um pequeno filme durante meu trajeto pelo tapetão (estrada Unicamp - Taquaral). Este é o segundo que faço, mas o primeiro que dá pra assistir! A intenção é conseguir uma câmera e um suporte para coloca-lo no capacete. Se isto for possível até a data da partida, darei um jeito de faze-lo.





quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Retaliação

Alguns já perceberam que ativei a moderação nos comentários. Infelizmente já começaram os ataques pessoais e fui obrigado a defender-me com algum controle sobre o que é publicado. Peço desculpa a todos. Habilitarei pelo menos mais 2 pessoas para a moderação, para que a reação seja rápida.

Hoje novamente terei um dia sem treinamento. Infelizmente uma pessoa muito próxima acabou de sofrer um enfarto e acabei retornando de viagem antes da hora. Estou exausto e com sono, e não terei condições de pedalar hoje.

Faltam exatos 23 dias para o início da viagem. Está mais que na hora de começarmos a obter a atenção necessária para que este protesto tenha algum alcance. Por causa do meu retorno, eventualmente não farei a entrevista para o jornal de Paraguaçu, mas tentarei faze-lo pelo telefone.

Amanhã providenciarei a bandeira e colocarei na bicicleta. Espero andar de um lado pro outro com ela para ajudar na divulgação.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Pitstop

Algumas pessoas deveriam ser proibidas de dirigir. Por alguma razão um motorista achou que bicicleta na preferencial não tem importância, e entrou na minha frente. A consequência foi que batemos lateralmente e ele me arremessou na calçada. Com a força do impacto, a roda traseira furou. Não seria nada de mais (motoristas assim são comuns), a não ser que nunca troquei um pneu de bicicleta antes.

Me neguei a passar o vexame de trocar o tal pneu em público! Estava com o uniforme completo - capacete, luzinhas nas costas, roupa coladinha - e não iria mostrar que não sabia trocar o pneu. Voltei para a casa que estou gentilmente hospedado e vim fazer o serviço escondido dos olhos públicos.

É claro que, depois de muita surra, consegui trocar o pneu. Foi melhor passar toda a dificuldade antes da viagem do que durante.

Ademais, o treinamento de hoje foi tranquilo. Faltando apenas 4 semanas para a partida, pude gozar de boas médias. Apenas a barriga insiste em não recuar, mas já consigo levar toda a bagagem sem tanta complicação.

Minhas únicas companhias no treino
Rodovia José Bassil Dower

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mais passeios

Estou sendo breve estes dias quanto ao blog. Meu tempo afastado está me fazendo muito bem e estou aproveitando até o último minuto. Paraguaçu é uma cidade pequena, mas reservas várias belezas.



Lagoa grande

Praça Japonesa
Tentarei manter o blog o mais atualizado possível, mas como meu acesso a internet é um tanto reduzido aqui, não poderei fazer como na semana anterior. No entanto é um bom exercício para saber com o que irei me deparar pelo caminho. Vou tentar providenciar um acesso melhor pelo celular.

Estou fazendo bons tempos nos treinamentos. Continuando a programação neste ritmo, irei conseguir cumprir a jornada.

sábado, 4 de setembro de 2010

Paraguaçu Paulista

Hoje foi dia de um local diferente. Estou hospedado com um amigo em Paraguaçu Paulista, seguindo o mesmo ritmo de treinos.

Camara Municipal



Entrada de Paraguaçu Paulista


Igreja Central


Também tenho minha primeira entrevista agendada aqui na cidade! Na próxima semana haverão muitos acontecimentos!

Dia sem treino

Transferi meu treino para amanhã em Paraguaçu Paulista e, portanto, sem fotos para hoje. Haverá muita programação para os próximos 4 dias, pois pretendo treinar a maior parte do tempo.

Também estou esboçando uma pequena bandeira que acompanhará a viagem. Pensei em colocar "Em busca do Francisco" ao centro, com 8 bandeiras dos estados que passarei na viagem.


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Andando de trator

Ainda não sei se a balança está com defeito, mas parece ser a resposta mais plausível. Venho anotando sistematicamente o rendimento nos treinos, catalogando data, distância, tempo e peso. O peso mensurado no dia 25/08, primeiro dia de treino, foi de 97,20kg. Hoje pela manhã meu peso foi de 100,70kg! Alguém pode me explicar como ganhei 3,5kg em 8 dias? É equivalente a dizer que estou ficando 400g mais pesado a cada dia! Amanhã pretendo urgentemente providenciar um adipômetro para saber se estou fazendo algo de errado e, especialmente, procurar a nutricionista, pois ainda não o fiz.
Vista distante do Shopping Dom Pedro

Como havia dito, ontem providenciei vários acessórios que fizeram minha bicicleta parecer um trator. Parece que alguém está puxando a bicicleta pra trás enquanto pedalo! Fiz uma pequena estimativa, meu peso total na viagem será de 130kg aproximadamente.

Tenebrosa igreja "Nossa Senhora Desatadora de Nós"




Outro item problemático foi a falta de distribuição do peso. Em certas subidas a bicicleta simplesmente empinou. Preciso contrabalancear com algum peso frontal.


O treinamento foi noturno novamente, passando pelo Castelo, Taquaral, Shopping Dom Pedro, Barão Geraldo, Vila Costa e Silva, Castelo e finalmente minha casa. Certos lugares são extremamente macabros a noite. Em especial, a visão de uma famosa igreja da cidade recebeu o prêmio! Me senti num filme de terror.

Tapetão, Passarela Vila Costa e Silva
Enfim, hoje o treinamento teve gosto de passeio. Me aventurei por vários pedaços da cidade e tive uma noite gostosa. Não fiquei tão cansado quanto pensei que ficaria por causa dos acessórios, mas tive algumas restrições. A bicicleta não passa dos 50km/h na decida e ela não consegue parar de jeito algum.

Amanhã pretendo aproveitar que é sexta-feira e fazer os dois primeiros pontos de parada do roteiro, já com a devida bagagem. Vamos ver como irá ficar.

Praça Tiro de Guerra
Praça Tiro de Guerra

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mais tristezas

Continuando os preparativos da viagem, providenciei os alforges, barraca, saco e dormir, travesseiro inflável, bagageiro, farol e outros acessórios necessários. Fui para uma grande loja de esportes em Campinas (de bicicleta, é claro) e fiz as compras.

Durante algumas conversas no estabelecimento, não demorou para aparecerem dois episódios não muito diferente do que já passei. O primeiro pai ainda está casado, mas a companheira faz contínuas ameaças a ele, usando a criança como meio de chantagem. Ele tem ciência do futuro que o espera em breve. No segundo caso, a separação já aconteceu há dois meses, culminando com a ex levando seu filho para Santa Catarina e impedindo qualquer contato. As lágrimas que vi nos olhos dele quando me contava esta história me arremeteram as minhas próprias por volta do mesmo período, quando ainda esperava encontrar um meio de conviver com meu filho.
Shopping Iguatemi, Madrugada

Enfim, esta conversa me abalou muito. O treino de hoje também teve um fator complicador muito grave: peso. A bicicleta ficou muito pesada e rendi muito pouco nos exercícios. Diria que perdi quase 30% do meu rendimento com os equipamentos embarcados. Infelizmente todos serão importantes durante a viagem e não poderei me desfazer de nenhum.

Alforge e barraca
Enfim, hoje foi um dia de desânimos e especialmente a imagem daquele pai que me entristeceu. Em compensação pude ver um vídeo inspirador, uma verdadeira lição de vida, que certamente serve para estes pais que lutam pelo seus filhos, mas veem apenas o massacre imposto pela justiça. Não percam as esperanças! Não desistam! Levantem-se!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Juiz comprado

Conforme os dias passam, alguns relatos chegam a mim. As vezes consulto em sites e aprendo um pouco mais das situações que algumas famílias vivenciam. Em muitíssimos casos os desdobramentos são tão absurdos que a conclusão destas famílias é óbvia: O juiz foi comprado!

Concluem que o juiz(a) é amigo da ex-companheira, ou que mantinha algum tipo de amizade com ela ou com a advogada da outra parte. Hoje tive uma demonstração de como é tola esta afirmativa. Não é necessário compra-lo de modo algum. A "guarda é sempre da mãe" é pensamento onipresente em nosso judiciário e em boa parte da sociedade.

Tive conversa com duas pessoas hoje que fizeram comentários realmente amedrontadores. Em um caso, a pessoa afirmou que é normal a guarda ficar com a mãe e que a mim resta se conformar, pois, após os 10 anos a criança poderia ter a chance de conviver comigo. No outro caso foi ainda pior: Após os 12 a criança poderia entender e decidir ficar comigo, mas que de qualquer maneira a culpa era minha de não saber escolher a mãe para meu filho.

Não é a toa que nosso judiciário defende com unhas e dentes este pensamento: ele é presente na sociedade. Ainda existem homens e mulheres preconceituosos que acham que o filho é propriedade da mulher.

Rodoviária, 01h20
Levará muito tempo para a sociedade realmente ser capaz de entender que qualquer criança precisa de pai e mãe. Espero que este protesto consiga ao menos semear um pouco deste entendimento.

Hoje o treino ficou pra madrugada e, portanto, atrasei para publicar. O clima estava muito bom e as ruas praticamente desertas.
Castelo, 00h00

Também venho rendendo cada vez melhor. Me recuperei bastante da fadiga, e também adicionei uma miríade de suplementos alimentares em minha dieta. Pretendo desta maneira amenizar futuros problemas.

Ademais, tudo está caminhando na mais perfeita ordem. Surgiram vários convites de estadias ao longo do percurso, que certamente serão muito bem vindos.

Hoje é primeiro de setembro: resta exatamente 1 mês para a partida. Ainda preciso providenciar alguns equipamentos para a viagem e conseguir um apartamento para alugar em Recife.