quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Voltando a Recife

A grande viagem se passou. O trabalho começa a normalizar. Há um lugar para morar em Recife. Começam a surgir as boas amizades e oportunidades.

Em Campinas estão investigando algumas das várias falsas acusações feitas contra mim e, em Recife, o processo dá seu seguimento, apenas aguardo que a segunda perícia confirme o que a primeira já disse - que são falsas as acusações de fraude e, consequentemente, as de agressão, a de planejar raptar meu filho, dentro outras. Isso é somente questão de tempo, acredito.

No blog eu tomei o cuidado de restringir a possibilidade de enviar mensagens sem antes serem filtradas, pois recebia muitas ameaças e vulgaridades. A última mensagem que recebi me fez querer compartilha-la com vocês e permitir que tirem suas próprias conclusões de seu conteúdo:


"Você é muito nojento mesmo! Não cansa de mentir??? Mentir que ama um filho que jamais teve consideração... Mentir que esta viagem foi uma prova de amor, quando na verdade foi mais um de seus caprichos... Mentir que vai ver seu filho todos os dias de bicicleta, quando na verdade alugou um carro em Recife, diga-se que por sinal, de luxo, para alimentar sua luxúria... Mentir que passa muito tempo com ele, quando na verdade se restringe em visitá-lo em poucos minutos... Mentir que é vigiado, supervisionado, quando na verdade é deixado a vontade com a criança para que ela possa saber que tem um pai que, mesmo sempre ausente, de fato existe. Você engana a essas pobres pessoas que vc ilude com suas historinhas para boi dormir, mas não engana aqueles que conhece vc de verdade, a sua família e aos seus poucos amigos, pois TODOS sabem quem vc é: um homem medíocre, ridículo e que terminará sozinho com toda esse circo que vc está armando. Se alguém ainda conseguir ler isto, não acreditem nele... Tudo é fingimento e fantasia que ele criou para tirar proveito para si. Sinceramente, vc deveria ter vergonha! Espero que vc possa colocar sua cabeça em um travesseiro e dormir com a consciência tranquila perante Deus, que tudo está vendo, Gustavo. Ah... mas me esqueci... vc não acredita em Deus, não é mesmo?!"

Este foi um comentário publicado sob o pseudônimo de Angela em "Um novo ano!" e que permiti que fosse visualizado. Não é possível saber quem deixou tal mensagem, mas apenas conjecturar. O que me deixa mais perplexo nisso é como o simples desejo de ser pai pode despertar tanta ira. Como digo sempre, o problema da paternidade é cultural, com muitos homens e mulheres ainda embebidos de preconceitos tão fortes que vêem como absurdo coisas como a guarda compartilhada. Para estas pessoas a família é baseada principalmente na mãe, sendo o pai mero provedor financeiro. O mais irônico de tudo isso é que muito do que ouço defendendo esta postura é MUITO semelhante ao que víamos antes de 1950, quando era absurdo pensar na mulher como base da família. Estas pessoas foram taxadas de preconceituosas pelo movimento feminista. E agora que a situação se inverteu, como chamar as pessoas que são convictas neste antagonismo?

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um novo ano!

Depois de algum tempo sem publicar no blog muita coisa aconteceu.  Houve muita dificuldade neste início de adaptação em Recife, pois além das dificuldades financeiras há também a dificuldade da solidão. Meu primeiro mês se passou a duras penas, sem nenhum móvel, sem ter como preparar comida e convivendo com um calor insuportável e com uma miríade de pernilongos.

Primeiro dia de treinamento
Com o passar dos dias as coisas começaram a se acertar. Um advogado de família de Recife se sensibilizou com a história e aceitou fazer a defesa daqui pra frente. Também consegui alguns trabalhos - infelizmente nenhum em Recife - que me darão um pouco de conforto financeiro de agora em diante. Ainda fui surpreendido com mais uma demonstração de solidariedade, quando minha vizinha que estava trocando seus móveis fez a doação de uma cozinha completa - geladeira, fogão e armário! Obrigado Socorro!

Graças a toda esta ajuda, além de outras pessoas importantes - Paulo e Enio - a vida em Recife vem vendo suportável. Meus dias se resumem a trabalhar pelo computador e pedalar até o Francisco - 40 km de trajeto diário.

Uma consequência inesperada mas muito feliz foi minha redução de peso. Perdi 320g por dia durante meus 51 dias de jornada. Além disso perdi mais 80g por dia durante minha permanência em Recife. Dos meus 102kg iniciais, hoje estou com 79,9kg. Até coloquei duas fotos, antes e depois, para se ter uma idéia da diferença.

Casa dos meus pais, 03/01/2011
A experiência da viagem ficará na minha memória por toda minha vida. Certamente farei outras viagens, pois amei toda esta vivência, mas nunca terá a mesma carga emocional que esta viagem representou para mim. Foi uma maneira de expressar meu amor pelo meu filho, meu desejo de estar ao seu lado e também um marco de uma nova etapa em nossas vidas, pois agora meu filho me chama de pai!

Gostaria muito de poder partilhar a imagens e filmagens que fiz dele, as correrias de um lado pro outro, as brincadeiras e tanto mais que fazemos juntos durante minha permanência. Apesar de estar restrito ao espaço da casa dela e de não termos muita liberdade para brincar (além de aguentar outros querendo dizer o que a "visita" pode ou não fazer com o próprio filho), minhas idas vem sendo bem produtivas.

Já na parte processual, nada mudou. Continuo aguardando que a acusação criminal que me foi feita por fraude seja julgada para que o processo tenha seu andamento. Ainda não sei quando acontecerá. Em outra frente, mas sem nenhum benefício para o processo nem pra mim, estou terminando de preparar a denúncia para o conselho de ética contra a psicóloga que julgou o caso. Como houve a alegação de que eu não poderia ter a guarda do meu filho por estar me defendendo dos processos e sabendo que este é um direito universal assegurado, estou iniciando uma denúncia por violação dos direitos humanos, que o código de ética de psicologia explicita que deveria ser fundamentação de quaisquer decisões. Se cada pai prejudicado fizer o mesmo quando ocorrerem estas injustiças, logo logo as psicólogas começarão a agir com alguma responsabilidade nas questões de guarda.

Neste exato momento me encontro em Campinas, pois vim passar uns dias com meus familiares para as festividades. Assim que arrumar um bilhete promocional, regresso a Recife, onde esperarei novamente pela ida de meu pai. Desta vez ele decidiu viver a mesma experiência e irá subir numa bicicleta e fazer o mesmo percurso que fiz até Recife. Tenho muito orgulho dele e espero que um dia meu filho tenha por mim.