quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O começo de tudo

Hoje é o aniversário de 2 anos do meu filho. Há um ano e meio eu não tenho contato com ele, tendo apenas míseros 4 meses de convivência ao seu lado. Como mais um dos inúmeros casos semelhantes neste Brasil, eu e meu filho somos vítimas de uma ex-companheira que acredita que nosso filho seja propriedade única e exclusiva dela, exceto para fins de pensão - o que o modismo chama de SAP.

Devido a esta situação, resolvi hoje dar um basta (quem sabe um presente de aniversário a distância). No entanto este meu manifesto não é contra ela, mas especialmente contra nosso judiciário, que deveria ser o primeiro a dar/distribuir justiça e proteção contra este tipo de crime. Infelizmente a anuência deste setor contra qualquer tipo de barbárie cometida pelas ditas "mães" tornou recorrente este tipo de atitude contra os pais. Princípios como isonomia de direitos e presunção de inocência foram “pro espaço” e deram margem para longas disputas judiciais, onde o acesso a nossos pequenos é restrita de todas as maneiras possíveis, sendo os resultados destes julgamentos pra lá de preconceituosos (89.1% das guardas são das mulheres).

Enfim, depois de 18 meses de disputas judiciais sem acesso ao meu filho e, principalmente, tomando conhecimento que ainda haverá muito mais pela frente, resolvi buscá-lo. Aliás, as vezes me pergunto se ele ainda é meu filho. Cresci com o pensamento que pai é quem cria, e a justiça (e a mãe) vem me impedindo de todas as formas possíveis que eu exerça este meu papel. Apenas tenho direito a raras visitas (sempre supervisionadas) quem somaram ao longo destes 18 meses cerca de 6 horas. Tenho apenas 20 minutos de contato por mês em média com meu filho, que certamente é menos do que a vizinha ou a professora da escolinha.

Saibam que não sou um pai relapso, pois ficaria plantado na porta da casa dela para mendigar uns minutinhos ao lado do meu filho o tempo que fosse preciso. Infelizmente a realidade não é tão simples. Minha ex-companheira fugiu enquanto eu viajava para tentar uma recolocação no trabalho, e levou meu filho para 2000km de distância da minha casa. Ao chegar lá, imediatamente abriu um processo pedindo a guarda do Francisco, alegando que eu havia agredido ambos e representava uma ameaça para a integridade física deles. Obviamente nosso judiciário não pede qualquer tipo de prova da acusação e parece fazer vista grossa para as provas de inocência. Aliás, curiosamente, não há qualquer prova das alegações, e eu tenho quase 80 folhas com provas diversas da minha inocência.

Nestes últimos meses não tenho conseguido trabalhar, exceto por serviços eventuais. Não consigo custear minhas idas para responder o processo e visitar meu filho. Não consigo dormir e não consigo sorrir. Consegui, graças a solidariedade de muitos amigos, ajuda para viabilizar minha mudança para Recife por um tempo. Isso não me garante de maneira alguma que poderei conviver com meu filho, mas assegurará maiores chances de que aconteça. Minha mudança não se dará simplesmente indo para lá, mas pretendo protestar perante a justiça e a sociedade quanto a situação desumana, humilhante e torturante que estão fazendo comigo e com meu pequeno, que certamente cobrará por tudo isso no futuro.

A forma do protesto me parece ser fácil de escolher. Pretendo fazer minha mudança para Recife de bicicleta, partindo da minha casa em Campinas. Me parece uma atitude cheia de significados, pois ressalta a distância que meu filho está de mim depois que me foi tomado. Representa também o esforço necessário para conseguir algo que é um direito fundamental humano, o da família. Demonstra também o quão recorrente é esta situação, pois cada cidade pelo caminho, cada vilarejo, compartilha várias histórias semelhantes.

Bom, apesar de fácil escolher, a realização será bem difícil. Primeiro não sou habituado a exercícios, e a última vez que subi numa bicicleta faz mais de 5 anos. Estou com 98 quilos (engordei 20kg desde o casamento até o divórcio dois anos depois), sedentário e financeiramente muito limitado. Minha primeira providência foi conseguir uma bicicleta, uma generosa doação do meu pai. Agora preciso reformá-la, comprar alforges, conseguir equipamentos de ciclismo e, especialmente, me condicionar. Já fiz um roteiro provisório para uma viagem de 2 meses até lá. Este blog é sobre esta jornada, os preparativos e a viagem, bem como um pouco da história de como tudo aconteceu e como está acontecendo o relacionamento com meu filho. Infelizmente não poderei detalhar os dados do meu filho e da minha ex-companheira, nem tratar detalhes do processo por uma questão de sigilo processual. Na desculpa de "proteger as crianças", o judiciário esconde estas barbáries num manto de obscuridade.

11 comentários:

  1. Pois é Gustavo,
    Vai ser uma longa jornada... certamente mais curta do que o trâmite do nosso "zeloso" judiciário, mas nós os seus amigos, que sabemos pelo que está passando, estamos com Vc... Parabéns pelos dois anos do Francisco esta luta será mais do que um presente de pai para filho...pode contar comigo...
    Boa Viagem, cuidado no caminho...Abraço,Fernando

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  2. OOOO Gustavo, vamos correr atrás de Chiquinho, ta na hora. Todo este tempo vejo seu sofrimento e gastos absurdos de desnecessários que teve por alguns momentos, fora a humilhação que me causa muita revolta.
    Os absurdos que acompanhei neste caso mostra que pessoas aparentemente normais e inteligentes trocam a vida de seu filho por qualquer dinheirinho que possa absorver. Ética, compaixão, compreensão são deixados de lado por um real. É muito triste o que vi. Espero que quem acompanhe esta aventura me devolva a credibilidade na raça humana que perdi diante deste caso.

    Boa sorte e grande abraço meu amigo.

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  3. Gustavo...

    Entendo perfeitamente o seu drama. Sou tb vítima de uma desequilibrada. E pior, feito de réu sem provas. Fazem 5 anos que não vejo minha filha. A mãe, escudada em amizades, troca de favores, mentiras e falsidades, conseguiu me manter fora da vida dela. Nem um simples telefonema eu consigo. Vivo pelo dia que conseguirei passar em um concurso e ter dinheiro para brigar por ela, para ve-la, tb a 1.300 km. Estou em Recife e tb moro de favor na casa de minha mãe. Mas no que puder te ajudar, informações etc, conte comigo. Estou muito inserido na comunidade ciclistica da cidade e posso te fornecer muitas informaçoes. Oro para que consigas ter de volta pelo menos o direito de visita, livre da presença da mãe. Pelo menos isto deve ser direito de qq pai.

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  4. Caro Gustavo,

    Quando vi seu e-mail na lista de cicloturismo, achei que era uma loucura. Mas lendo seu relato aqui, começo a te entender.

    Caba maxo, eu numa situação dessa ia deixar a emoção ser maior doque uma bici boa, um bom par de alforjes, ou até do que UM PÉSSIMO CONDICIONAMENTO FÍSICO.

    Monta na bici, descobre teus limites (e tente superar) e encontre o seu filho... ISSO VAI VALER CADA GIRO NO PEDAL.

    Como o Rogério Leite (comentário acima), sou de Recife e o que pudermos fazer para te ajudar, só GRITAR!!!

    Boa viagem!!! Boa sorte!!! Fé em Deus!!! E força no PEDAL!!!

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  5. Gustavo,

    Apesar de termos tido pouco contato, pude ver com que carinho e orgulho vc segurava seu filho quando nos encontramos no supermercado. Quero que vc saiba que estarei torcendo para que dê tudo certo e que no final prevaleça a JUSTIÇA. Como mãe sei o que somos capazes de fazer por um filho. Força na sua caminhada e não desista....

    Um abraço

    val

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  6. Olá Gustavo,
    Soube do blog através do seu irmao Bruno, com quem trabalho. Desejo a você tudo de bom, que consiga completar sua jornada em segurança e, principalmente, que consiga no mínimo a guarda compartilhada do seu filho. Siga confiante! Abraços, Vanessa

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  7. Olá Gustavo,

    Acabei de receber um email contanto sua história, e de pronto vim checar seu blog. Acho que todos os elogios são poucos para sua atitude. Por que você não disponibiliza no blog o que você precisa para ( em detalhes ) completar a viagem?

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  8. foda. Se meu pai fizesse isso com certeza eu iria admirá-lo muito! Um fraterno abraço e força nessa jornada!

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  9. ivan99086231@hotmail.com27 de outubro de 2010 às 21:28

    GUSTAVO ESTOU TE ACOMPANHADO DESDE COSTA DORADA NO /ES/ DA QUELE CHURASCO, VAI COM DEUS E QUE ELE TÉ ACOMPANHE AMIGO /IVAN

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  10. Oi Gustavo meu nome é Adriana , sou amiga de seu pai, pedalamos juntos. Desejo que vc tenha muito sucesso!! Boa sorte estou torcendo e pensando em voce.
    Um abraco

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  11. Meu querido, estava orando ao Senhor Jesus e lembrei-me de vc, desse gesto tão sacrificante, qria te dizer que um sacrifício bem maior que esse Cristo fez pela sua vida quando se entregou para morte em seu lugar, e é esse Jesus que vai te dar vitória nessa batalha, pq a justiça está em Suas mãos, não te pertubes o Senhor é contigo.

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