terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ilha das Flores

Fim da linha na praia
Pedalar pela areia é muito prazeroso. Você tem a sensação de completa solidão, tendo como únicos sons o bater das ondas e o cantar dos pássaros. A visão é exuberante. Exceto por alguns pescadores, só havia areia a frente.

Por vários quilômetros este foi o cenário que me acompanhou. Bem... foi assim até o final da linha. Não havia visto direito no mapa nem fui informado que, em determinado momento, este caminho seria interrompido. Sem saber se se tratava de um rio ou uma curva, tive que começar a explorar a região. Fazer isso na areia fofa é extremamente desgastante.

Gradualmente fui margeando a região e avistando casas do outro lado do rio. Estava muito propenso a desmontar a bicicleta e atravessa-la a nado, mas apenas faria isso se tivesse esgotado a região próxima. Depois de quase duas horas explorando a região, avistei ao horizonte alguns coqueiros que matariam minha sede, pois a água estava se acabando e precisaria assegurar minha hidratação. Com muito esforço fui até o lugar, quando dei a sorte de avistar alguns pescadores. Não pensei duas vezes e segui atrás deles para pegar a informação da saída, que estava exatamente ao nosso lado. Foi um sufoco.

Pela estrada de terra pude encontrar um pequeno bar onde me reabasteci e prossegui rumo a uma balsa para atravessar o rio São Francisco. Logo neste bar um carro com olhares curiosos passou por mim. Pouco depois eu o reencontrei e pedi informações aos ocupantes. Eles me orientaram por onde prosseguir e assim o fiz.

Caminho rumo a Ilha das Flores
Pequenas comunidades pelo caminho, uma após a outra, até que reencontro o pessoal que me deu a orientação. Se propuseram a liderar o caminho pra mim e aguardar nos pontos chaves. É ótimo ter alguém nos orientando! Pouco depois ele parou e quis conversar um pouco. Contei toda minha história pra ele e prontamente ofereceu hospedagem em sua casa para a noite, em Ilha das Flores. Eu inicialmente declinei e seguimos com a escolta, mas depois fui percebendo que estava ficando tarde - já eram umas 16h00 - e não chegaria muito longe neste dia. Avisei-o e mudamos o trajeto para Ilha das Flores, 8km fora do meu destino.

Ele me recebeu muito bem e me apresentou a esposa e a filha de 2 anos (idade do meu filho) que não suportava ficar 1 minuto longe do pai. Para onde ele ia a menina ia junto e chorava se não fosse. Fiquei emocionado em pensar que era assim que encontraria meu filho em Recife.

Junior e família
Mais tarde ele falou com alguns amigos na cidade pedindo doações pela causa! Fiquei super constrangido, mas minha situação atual não me permite falar não e aceitei o dinheiro. Foi uma ajuda significativa.

Durante a noite não consegui dormir por vários pesadelos envolvendo o Francisco e o quão crescido ele já está. Fui excluído de muitos momentos importantes da vida dele.

De manhã o Junior levantou comigo as 05h00 e ME PREPAROU CAFÉ DA MANHÃ! Foi uma atenção muito especial e pude seguir viagem rumo a Alagoas com ânimo renovado!


Um comentário:

  1. Gustavo,
    Fico feliz em saber que voce esta bem e firme em busca do Francisco.

    Luis Ornelas

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