sábado, 6 de novembro de 2010

Apuros em Sergipe

Costa Azul
Manhã de empolgação, bem disposto pra pedalar e cruzar mais um estado. Infelizmente um problema que há dias estava incomodando e que realmente chegou a uma situação crítica foi a questão do dinheiro. Não haviam caixas do Banco Itaú fazia alguns dias e o dinheiro acabou. Fiquei sem recursos financeiros para nada além de uma refeição e não sabia mais o que fazer. O jeito foi continuar a viagem e descobrir o que faria depois.

Todo o caminho pela rodovia foi monótono, com algumas fortes subidas e sem nada pelo caminho. Meu objetivo era chegar a Mangue Seco, mas as informações eram contraditórias (pra variar). Em Conde disseram-me que havia um acesso direto. Já num posto rodoviário me foi informado que não era possível acessar a cidade e que meu trajeto deveria ser uns 100km maior do que eu havia planejado. Mais uma vez meu GPS me pregou uma peça: Em certa altura da estrada havia uma saída que seguia diretamente para o nome "Mangue Seco". Quando vi a saída, não tive dúvidas! O que não imaginava era que, na verdade, o caminho era para Costa Azul.

Verlon (meu benfeitor)
Cerca de 15km separavam a saída da rodovia até a cidade, onde recebi a informação que se tratava de um fim de linha. Não haviam estradas ligando o lugar a Mangue Seco, que ficava 35km de distância. Pra piorar, meu dinheiro estava tão crítico que nem mesmo água poderia me dar o luxo de comprar. Nestas horas a humanidade as vezes nos surpreende.

Parei em um restaurante a beira-mar pra pegar informações e acabei contando um pouco de toda a história. Imediatamente o pessoal de lá me ofereceu uma farta e deliciosa refeição, com direito a refrigerante e boa companhia. Foram todos muito gentis comigo, além de me orientarem uma alternativa para alcançar o Mangue Seco - 35km de pedalada na praia! Dizem que errar é humano e persistir no erro, burrice. Eu persisti. Segui as orientações do Sr. Verlon e não é que desta vez a bicicleta se sustentou na areia? Foi uma experiência mágica estar só, pedalando a 15km/h e ouvindo apenas o mar.


A chegada em Mangue Seco foi prazerosa. O local foi usado nas filmagens de Tieta do Agreste na Globo e é um lugar simplesmente lindo! Pra melhorar, tanto a pousada quanto o restaurante de lá aceitavam cartão de débito! Estava salvo! Ou quase.... a embarcação que faria a travessia era somente em dinheiro, o qual não dispunha. Pensaria no outro dia o que faria.
Mangue Seco/BA

Pela manhã seguinte me dirigi para a casa onde serviam o café da manhã e tive o prazer de encontrar uma família muito simpática e inteligente. Tivemos uma grande conversa e me informaram que o rumo que deveria tomar era o da praia do Saco, o qual eles seguiriam as 11h00 e me ofereceram carona. Estava salvo! Ou quase....

Pelas 10h00 fui até o local do encontro, para ter certeza que não perderia esta ajuda. O ponto era a beira do rio, onde fui abordado por um barqueiro. Ele me perguntou onde eu ia e ele se propôs a me deixar lá por R$ 5,00 (o que tinha na carteira) já que ele deveria fazer a travessia de qualquer maneira. Enfim, achei que tinha sido um negocião, mas vir a descobrir mais a frente que não.

O lugar que ele havia me deixado se chamava Pontal, mas não sabia deste detalhe até este momento. Pedi informações de como prosseguir para Aracajú e os moradores me deram as orientações. Pedalei por algumas horas até chegar numa cidade chamada Terra Caída, onde deveria pegar uma balsa e fazer a travessia.
Vanderlei em Terra Caída/SE

Lá encontrei um rapaz muito bacana que se prontificou a pagar um refrigerante e a balsa para mim (ele não sabia da minha dificuldade). A gentileza foi apenas pelo entusiasmo de encontrar um ciclista de tão longe. Ele me salvou da dificuldade que estava sem saber.

Durante o trajeto com a balsa, avisto a mesma ponte em construção que era visívil de Mangue Seco! Após horas de viagem, ainda estava praticamente no mesmo lugar! Dei uma volta enorme, ainda a uns 10km da praia do Saco!


Depois de um dia praticamente perdido, o jeito foi continuar pedalando até onde desse, no caso, Caueira. Parei quando já estava anoitecendo na única pousada da região e que não aceitava cartão! Tive que contar com a generosidade do proprietário em me receber no local e, principalmente, com a generosidade de um cliente de lá que me deu dinheiro para comprar comida.

No dia seguinte estaria em Aracajú. Lá, tinha certeza, haveria um banco Itaú para que eu pudesse resolver minha situação.

Um comentário:

  1. é isso ai Gustavo, você esta quase lá...estamos torcendo por você, todos os dias acompahamos sua viagem pelo GPS, quando chegar em seu destino nos avise para postarmos em nosso site.
    abraço, Sandro Montico, Morungaba, SP, Ciclo Aventura.

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