segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Espirito Santo

Bom Jesus do Norte
Minha saída de Bom Jesus de Itabapoana foi tranquila, pois acordar e subir na bicicleta já se tornou minha rotina. Afinal, foram duas semanas inteiras fazendo praticamente o mesmo ritual. A entrada para Bom Jesus do Norte, já no Espírito Santo, foi repentina. Só fui notar que tinha mudado de estado quando estava praticamente saíndo da primeira cidade.

Sempre vivo o dilema: confiar no GPS ou nos moradores? Antes de sair, havia discutido por telefone com meu pai sobre a melhor rota a seguir. De acordo com ele, deveria seguir direto para a BR-101. A alternativa, 40km mais curta, seria por uma estrada de terra, de acordo com o guia dele. Eu, por outro lado, havia confirmado com os moradores locais sobre tal estrada e me confirmaram que era asfaltada. A diferença entre ambas rotas era significativa e, portanto, resolvi arriscar.

Entrada de São José do Calçado
A cidade seguinte, São José do Calçado, ficava na encosta de uma colina. Portanto, subi-la foi realmente um baita esforço. Quando tentei encontrar a tal rota que ia para Cachoeiro de Itapemirim, todos desconheciam. Fiquei procurando por GPS a entrada da rodovia, mas somente havia uma trilha. Frentistas de um posto me informaram que aquele seria meu caminho e, pior, seria através da serra do Jacá. Tive que decidir: Voltar 15km e escolher a alternativa ou avançar pela trilha. Como ainda estava cedo, achei que seria uma boa idéia continuar pela terra. Péssima idéia.

No começo era uma pequena subida. Conforme seguia, passou a ser uma bela subida. Depois, se tornou uma verdadeira parede, onde não havia disposição para empurrar a bicicleta. O suor corria em litros, pra dar conta do calor insuportável e o esforço exagerado. Quando pensei que já tinha subido tudo o que tinha pra subir, uma olhada após uma curva, descubro que ainda nem comecei. Um caminhão passou por mim.... alguns minutos depois avisto o mesmo caminhão quando estou olhando pra cima, apreciando a montanha.

Serra do Jacá
Já estava exausto, cansado, esgotado, acabado.... e continuava a subir. Aquilo não era uma serra.... era uma escalada! Pensei comigo mesmo que, se olhasse pra baixo, era capaz de ver um avião passando. Minha água já tinha se esvaido quando dei a sorte de encontrar um senhor parado com um cantil cheio d'agua. Ele me ofereceu completar minha caramanhola e me deu novo ânimo em seguir. Pouco depois me deparo com um presente: uma das visões mais lindas que já tive. Apesar do meu medo de altura, sou fanático por altitudes elevadas. Admirar a sequência de montanhas foi fantástica! Todas as montanhas e colinas que avistei do começo da trilha ao final tinham um verdadeiro tapete verde sobre elas. Parecia uma tela.

Meu sonho sempre foi morar no interior - Campinas certamente não é o lugar mais apropriado - e a visão dos sítios daquela trilha me encheram os olhos. Aquilo era de fato um paraíso. Cercado de montanhas e muito, muito verde, as casas eram todas bem arrumadas, mais uma vez parecendo uma pintura bucólica.

Conceição de Muqui
Conheci vilarejos, chamados de "patrimônios" pelos capixabas, um mais bonito que o outro. Pude provar um refrigerante de laranja envasada em garrafa de cerveja, entre outras peculiaridades. Este é um Brasil muito diferente de tudo que já havia conhecido. Todo o trânsito da população era feito por motos, ao invés de bicicletas e cavalos que já havia presenciado em todas as vilas do Rio, São Paulo e Minas. Impressionante a quantidade de motos que transitava pelas trilhas e patrimônios. Até uma mocinha que aparentava uns 13 anos e parecia mirradinha demais para aguentar o peso da motocicleta estava pilotando uma.

Passei por Conceição do Muqui que é outro patrimônio particularmente interessante. O local começava na encosta da montanha e se estendia ao longo de um vale. Uma arquitetura muito própria, bem como o formato da cidade.

Noite em Muqui
O trecho final, sentido Muqui, me deu um descanso. Apesar de serem 23km entre as duas localidades, os últimos 7km eram somente de descida. Consegui chegar em Muqui já noite, as 18h30. As noites estão iniciando cada vez mais cedo e preciso levar isso em mais consideração, especialmente quando transitar por trilhas.

A noite na cidade, me servi da famosa muqueca capixaba e dei alguns passeios pela região. Não me prolonguei demais pois teria mais um dia de pedaladas logo pela manhã, rumo a Cachoeiro do Itapemirim, terra natal do cantor Roberto Carlos.

Minha partida se deu pelas 08h00 com um ótimo aproveitamento. A cada dia percorro distâncias maiores com mais desenvoltura, chegando em Cachoeiro antes das 11h00. No entanto, sair de lá foi realmente complicado. Recebi informações confusas e desencontradas que me fizeram gastar preciosas 3 horas dentro do município até pegar a estrada rumo a BR-101.

A falta de acostamento realmente me preocupou, pois os caminhões passavam em alta velocidade, muitas vezes invadindo o pouco espaço que tinha. Minha maior pressa era me afastar da rodovia e ir pra um caminho mais tranquilo.

Anchieta (Iriri)/ES
As cidades de Rio Novo do Sul e Icona foram minhas passagens através da BR, até seguir sentido Piúna, já no litoral. A pista ainda tinha algumas subidas, mas nada muito íngrime como em outras situações/terrenos.

Ainda no final do dia pude comemorar minha chegada ao mar.

7 comentários:

  1. Eita... tava demorando para postar alguma notícia... mas o bom que é que tirando as montanhas de resto vai indo que é uma beleza...parabéns pelas conquistas de cada dia... e sempre em frente.

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  2. É Piúna, ou Piúma? Sei lá, mas acho que é Piúma. De qualquer forma isto é o menos importante. Parabéns pela jornada, estamos na torcida.

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  3. Gustavo, eu e o Ale estamos acompanhando sua trajetória... Adoramos seu blog, super rico.

    Que papai do Céu minimize as dificuldades ao longo do caminho e você chegue em ótimas condições para ver seu filho, é o que desejamos...

    Um beijão

    Débora (Carona à bicicletaria em Monte Verde)

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  4. Oi gustavo aqui é o junior de costa dourada lá da praia do maurico,estou aguardando a atualizacão do blog.boa sorte e fé em deus,pois nenhuma luta é em vão pense nisso.....

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  5. gutavo aqui é o junior de costa dourada lá da praia do mauricio,estou aguardando a atualizacão do blog,boa sorte,e lembre que nenhuma luta é em vão pense nisso....

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  6. ola gustavo vi sua reportagem na tv agora fiquei muito feliz por vc esta lutando pelos seus direitos de pai,tenha fé em deus que tudo vai dar certo

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  7. IAÍ GUSTAVO CHEGOU BEM NA ULTIMA PARADA, ESTOU AGUARDANDO A ATUALIZAÇÃO DO BLOG, TUDO DE BOM CARA.

    GILTON DE ARACAJU (ALMOÇO EM PIRAMBU)

    04/11/2010

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