terça-feira, 19 de outubro de 2010

Nordeste

Praia deserta no ES
Como habitual, recomecei a jornada no primeiro raiar do sol. A espelunca que estive não tinha café da manhã e não havia nada aberto para me abastecer. Saí com pouca água e nenhuma comida. Pelo caminho apenas vilarejos e nenhum lugar para me reidratar.

Muitas praias passavam ao meu lado, todas completamente distantes da população. Como estava uma leve chuva, era difícil encontrar qualquer pessoa na rua, e meu trajeto foi quase que sem paradas.

Trilha rumo a Conceição da Barra
A única grande cidade que passei no trajeto foi São Mateus, mas que logo ficou pra trás. Estava com muita pressa. Escolhi sempre as trilhas mais diretas que apareciam em meu GPS, tanto para evitar a temida BR quanto para usar o menor caminho. É claro que esta minha decisão sempre me leva pros caminhos mais estranhos possíveis.

Enfim, consegui chegar em um único dia a Conceição da Barra, num percurso de pouco mais de 100km. Estou desenvolvendo um ótimo ritmo, especialmente neste terrenos quase que planos onde estou passando.

Fiquei numa pousada administrada por dois velhinhos super simpáticos e amorosos. Adorei o lugar. Cuidavam de aves e se orgulhavam por terem ninhos de pica-paus e de uma ave rara, cujo nome não me recordo, na mesma área da pousada. Enfim, gente que espero reencontrar. Me deram algumas dicas para a viagem, especialmente para algumas assaduras que tive no caminho, pois a estrada de terra era cheia de "costelas de boi" que me machucaram muito.

Por falar em machucados, esqueci de mencionar na outra ocasião, ainda em Vitória, que fui ao médico verificar o que estava acontecendo com minha mão, que vinha doendo desde o tombo em Bananal/SP. Diagnóstico: Fratura no pulso. Desde então venho convivendo com um apoio para o pulso que vem me ajudando a evitar as dores durante a pedalada, mas que está longe de resolver o problema.

Comi e Dormi muito bem na cidade e comecei o dia um pouco mais tarde, quase as 11h00. Queria dar um descanso aos assados e ter um dia mais tranquilo. Segui rumo a Itaúnas. No caminho tive o prazer de encontrar outro ciclista, de moto, que me acompanhou uma boa parte do trajeto.

Estrada para Itaúnas/ES
Como a chuva não deu trégua, a estrada para lá estava um verdadeiro lamaçal. Era difícil beber água na caramanhola sem sentir o gosto do barro. Fora a sujeira, a estrada em si tinha pouco movimento e estava suficientemente sinalizada. Como o percurso também era curto, não foi um trajeto particularmente difícil.

Minha chegada em Itaúnas foi tranquila, com direito a água de coco e pensão boa e barata. Não tinha café da manhã, então providenciei vários mantimentos no mercadinho da frente e ainda aproveitei para passear pelas famosas dunas. Dormi bem cedo e acordei um tanto tarde, as 07h00. Segui viagem as 08h00, mas com pouca informação sobre direção.

Iria atravessar um trecho que soube depois pertencer a Suzano Celulose. Eram plantações imensas de eucalípitos, onde era muito fácil se perder. A primeira coisa que fiz assim que avistei uma placa foi seguir em direção ao litoral, rumo ao Riacho Doce/BA. Era uma belíssima praia e havia recebido orientação do pessoal para seguir por ela, que seria o melhor caminho.



Ledo engano. As informações que recebi estavam erradas. Não é possível transpor a praia em qualquer período do ano, apenas conforme a maré. Tive que voltar as quase 1h30 de percurso, perfazendo 3hs de prejuízo no trajeto. O jeito foi segui até a próxima praia pelos eucalíptos.

Costa Dourada
Com muita dificuldade consegui atingir Costa Dourada/BA. A praia é simplesmente perfeita. A cidade sempre composta de grandes casas e belas pousadas, parecia ser um retrato do paraíso. Minha permanência neste lugar foi incrivelmente curta, pois me foi dada a informação que a única forma de chegar a Mucuri, minha próxima parada, seria de balsa e que a última partiria as 17h30.

Com disposição renovada, sai como um disparo em direção ao rio da travessia. Claro que quando não sabemos pra onde ir e vamos mais depressa, a única coisa que conseguimos é nos perder mais rápido. Fiquei em meio a plantações sem saber como sair de lá, até que começou a anoitecer. Rapidamente fui rumo a Praia do Sossego, a última da região e que não dispunha de qualquer infraestrutura, muito menos pousadas. Esperava localizar um bom local pra acampar e, se tivesse sorte, comer. Na primeira casa que pedi informações, fui convidado a entrar, comer e passar a noite.

Foi uma bela noite, com direito a churrasco, muita boa conversa e um bom banho. Minha noite foi na barraca num repouso muito tranquilo. Precisava realmente de um pouco de descanso.







5 comentários:

  1. É isso ai cara, parabéns, e que Deus continui te guiando e te protegendo.

    Abraço

    Luis

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  2. Grandes Gustavo.
    Mais uma etapa hein!!!
    e vc esta pedalando meeessssmmo, mas a gente perdoa vc se pegar uma caroninha, pelo menos pra cuidar do pulso. E aguentar caminhão na BR101, sul da Bahia, é jogo duro.
    Grande abraço, juízo hein!!!

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  3. Ola Gustavo.
    Para mim foi um imenso prazer te cruzado com vc , estol torcendo para que esta grande aventura tenha sim ,um grande final feliz.
    Tenha força e ande sempre com Deus .

    Um grande abraço.
    vanderler Junior de Sergipe em Terra Caida

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  4. IAÍ COMPANHEIRO TUDO BEM ?
    estou no aguardo de noticias sua, e cobrar atualização do seu blogger, que DEUS O PROTEJA NESSA CAMINHADA.


    GILTON ( ARACAJU )

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  5. Oi Gustavo,

    Tenho acompanhado a sua caminhada, ou melhor, pedalada... estou torcendo muito para que vc atinja seu objetivo..

    Fique com Deus. Muita força pra vc!!

    Val

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